quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O poema-título ao som das rosas do litoral


Sandálias foi escrito em uma madrugada quente e chuvosa no Litoral Norte da Bahia. Ouvindo Cartola, Poema solitário de amanheceres... descalços. 



sandálias
- ou como dizia a mana cristina: “um poema com som”


o poema dos mundos...

em um sonho esquisito
perguntas sobre uma canção

a tudo, bela, o olhar
fotografa um rascunho

do sol dos teus velhos dias
na estrada crua sem assobios

vértice da sanha em curvas dos violoncelos
os meninos azulados pelas luas do arrebalde

entre portas de amanheceres
pontas marcadas e estrelas mortas

atento, bela, o olhar
deixou uma sentença

essas gruas de mim desafinadas
peripécias em linhas abortadas

vida dos galhos quebrados
chuva em desencantos azuis

a tristeza do seu gostar
do teu gozar sem dono

o poeta com vidas em fuga
e tuas sandálias com passos de ausência

“devias vir....”

caminhas louco em noite dessemelhante
és cicatriz no topo das rosas sem amares

marca teu ponto camuflado
no pequeno labirinto de pérolas

fala doce
comigo....
fala comigo
doce como
a chuva

o espelho azul achado das mãos que se soltam sem tardes devolutas
um menino com teu sorriso de vidro e grimas nas manhãs deserdadas

à janela
uma canção
e todo adeus

afeto diante das perdas
a delicadezas dos punhais

à janela
o céu de olhos baços
as comunhões sem nós

encostas teu rosto às facas gélidas
e ronda a carne macia dos segredos

ao tato, bela, os olhos
roubam dedos e dados

decepam luas de dentro
no instinto dos afagos

adeus bandido que vem desassossego
adeus não traz nenhum recado

adeus de vícios
ventos dezembros
menino caçula do desejo

atávico, bela, o olhar duvida
ao alcance apenas
ao enlace apenas de acordar

e fazer para ti um poema com som
pra tocar no rádio da tua invenção.



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