sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Entrelinhas na janela



Bodeguita



ah! hemingway e teus assassinos...


para quem nunca acreditou
em manhãs amarelas e cruas 
por que escutas sting em campos de ouro?


e no meio da sala 
no seio da sala
corações de metal
e beijos com bala


tens medo de perder teu escapulário?
por que decoras o olhar de ava nas entrelinhas?


e no hiato do céu
no nitrato do céu
estrelas de esquinas
em canções avarandadas 


para quem nunca aceitou
o perdão como arma
por que descreves hopper como solidão americana?


e nas aparências de ruas
nas saliências das ruas 
saias sobrepostas
e agarros à luz de velas


se escutas com displicência aquelas notíciazinhas 
por que tens fixação nas árvores azuis da lara?  


por que a bela na cela dos jornais?


você você você você
condenas letras de forma 
e prefere jonh a paul
em prol das delicadezas


se choras desenredos 
no verde azul das reminiscências 



aos temporais de chalvinski
entre nada óbvias persianas


só por causa de quintana
só por causa de leminski.





domingo, 25 de dezembro de 2011

Dezembros


Passatempo

para o corrimão dos dias 
passos miúdos
pós tudos


para as bengalas invisíveis
veias saltadas
ruguinhas de canto


para os tempos vividos
malboros passados
malbecs sorvidos


e as horas 
as horas são apenas invenções das máquinas de fiar
ou daquelas de fazer sorvete nos quintais de fim de ano.
 
Querência (apoio a vinheta do Canal Brasil)

não é te vi.
é te ver. 


Velhos rascunhos


sarado

Imagens não passam de incontinência do visual
Jorge Luís Borges



meu nome perde os dentes
o tempo é só e equivalente

o só dos elevados desertos
vulgaridades urbanas
fornicadas bem perto

das favelas com entardeceres
meu nome perde os dentes
o de batismo o da crisma 
das sacristias e dos cigarros

fico triste amigo
mas nada quero amigo
ou desamigo
déspota da minha humanidade e do meu perdão

meu nome recebe um soco daqueles
e os dentes saltam em proporções milimétricas
e não fazem qualquer tipo de som
valem grana no mercado informal

restam parafusos e tragos
bitolas de saudade
bagatelas de sorriso

sou uma prece esquecida
um pária desnudado

é, estou pelado
tenho saudade e colho asfaltos
tenho ereções e poemas
e costumo chorar incontinente ao lembrar da derrota dos visigodos.  



Madruga a dentro


divisão de bens


não preciso de posses
sou por todos os prazeres

leva teus vasos antigos
sou mais as trepadeiras

ser por tão pouco
é saber-se inteiro
de tudo que é muito



Perdidos de dezembros


poema

tens o vigor
das artistas que viraram areia
em busca da terra e do sal

tens a luz
dos cegos de outono
na penúltima estradela dos caminhos

tens a resposta e a dúvida
as estrelas e o breu

tens os encantos e as mesmices
frêmitos e ardis

e um fino fragor de incensos
às portas e às casas

aos meses
dos maios dos outubros

em amares
vulgares e únicos



Poeiras & quereres


das placas de trânsito só vai dar para ver o fundo

Das placas de trânsito só vai dar para ver o fundo
cada um sorrindo com destino em punho
Pela estrada, mais nada, sempre o tempo todo.




sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Dezembros retornos


Cruzeiro do Sul 
Lembrando do Lariú e do Luciano 
Suado aos pitoques de sol
inverno em armistícios
salamaleico verão

trafego por outras bandas

estrada ainda sou
dormido nas bodegas
tabernas me dirão

trôpego na calçada feita de cirandas

e o caminho se faz chão
e se alguém me pega pela mão 
é por saudade das varandas.