sábado, 25 de março de 2017

Dos oceanos noturnos


ENTRE O CAIS E A VENTANIA

São vertigens de sapatilhas
e oceanos noturnos em fuga
no cais da menina que dança


tem a fita
o parapeito
lumes vagos

e o adeus de uma canção.

instintos
uma canção sem vitrola

ela também rodopia
e faz vagar os mantras
da finitude
das solidões

um canção sem ouvidos nem línguas
uma canção só de olhos e mãos

um aceno
uma lágrima

são vertigens de boina e lutos
e desertos solares em silêncios
na crina da menina que dança

e o adeus de uma canção vem.

por ventanias
ou do que a borda das esperas
abandona 
março, 17
© antonio pastori
arte: Noyée - 1895, Jakub Schikaneder (1855-1924)