domingo, 14 de agosto de 2011

Sandálias boas de seguir

narizinho
a tempestade que chega tem a cor dos teus olhos castanhos

vi o rosto de narizinho em uma pintura setentista movida a cores
a tardinha é ideal para descobrir que amanhã é maio no teu rosto
os lábios em movimento na proporção dos polígonos e das luas
o olhar com teus silêncios e sépias tuas desconjunturas e arrepios

tua cara o conteúdo a verdade mais possuída dos jardins suspensos
uma brincadeira de tempos que não voltam para meninos solitários
era a certeza em tons pastéis de que os sorrisos são paridos do sol
mesmo onde não haja abismos a ocupar espaços tão minúsculos

por cada reentrância do amarelo a zombar de todos os esconderijos
em tantas limitações inventadas para abortar vôos e expulsar poetas

vi o rosto de narizinho envolto na breve iluminura de sítios estrelados
na incoerência dos bem te vis invadindo as janelas dos arranha céus
na inocência vil de que as noites foram criadas para inventar correrias
ou de que as cores desalinhadas do teu sexo são dadas a setembros

não que a primavera tenha início a partir de um caminhar encharcado
quero ventanias e tirar a prova dos nove nesta inconclusão das tintas
e me apoderar daquela pintura no catálogo para assanhar o teu cabelo


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