domingo, 25 de dezembro de 2011

Velhos rascunhos


sarado

Imagens não passam de incontinência do visual
Jorge Luís Borges



meu nome perde os dentes
o tempo é só e equivalente

o só dos elevados desertos
vulgaridades urbanas
fornicadas bem perto

das favelas com entardeceres
meu nome perde os dentes
o de batismo o da crisma 
das sacristias e dos cigarros

fico triste amigo
mas nada quero amigo
ou desamigo
déspota da minha humanidade e do meu perdão

meu nome recebe um soco daqueles
e os dentes saltam em proporções milimétricas
e não fazem qualquer tipo de som
valem grana no mercado informal

restam parafusos e tragos
bitolas de saudade
bagatelas de sorriso

sou uma prece esquecida
um pária desnudado

é, estou pelado
tenho saudade e colho asfaltos
tenho ereções e poemas
e costumo chorar incontinente ao lembrar da derrota dos visigodos.  



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