Atíria
esta poderia ser a última poesia
por guardar o inverno das estradas
por carregar o conteúdo das guimbas
porque seria melhor estar dormindo
esta poderia ser a última poesia
por lembrar dos cascalhos de alcântara
por deixar os andarilhos suspensos
porque o café simplesmente acabou
seria a última
mas ela não deixa
a teimosa da borboleta dissimula
conspira nos becos inabitados
e insiste com este textinho vulgar
a infeliz me empurra
me devora em fraquezas
e dobra o meu adeus
com a asa do dedo
mindinho.
Diogo, Litoral Norte 2003
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