quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um sorriso




Os céus de Ginestá

os céus vão no teu ombro, companheira
há um sorriso de asas firmes no limiar dos terraços
vem dos teus olhos a altivez das ternuras frente a lâmina
e há um sorriso de fibras tensas quando o dia acorda cedo

os cantos lúgubres te chamam, vez que o sol é o mesmo
porque há um sorriso de vinho e fumo na imensa cordilheira
e se o poeta queda às armas em tardes sem luz nos cemitérios
há o sorriso de marina a ciganar espanhas em rubro verso

os céus vão no teu ombro, companheira
a dourar os cem anos gris por entre folhas de exílio
a gana é de lutar por beirais do manto livre na imensa cordilheira
e o amor é pele curtida, passo seguido aos pirineus e teus umbrais       

e o amor é memória de sonho e carne quando los niños partem em correrias
e te apertas o peito e o século quando se esvaem no abandono das tormentas
quando bocas se calam por medo e a manhã não resplandece nas cordilheiras 

o que é pátria?
o que é nuvem?
como se chama povo?
como se chama livre?
como se chama esperança?

e também vão no teu ombro, companheira
os lábios frios de homens e mulheres e a lembrança dos terraços
porque com pão ou sem pão, doces e duros ainda são os céus da resistência
e porque sempre levaremos este sorriso para nunca mais aniquilar os sonhos




 



   

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Foi marcante quando conheci a história de Marina Gnestá e lá se vão vinte e tantos anos. O planetinha perdeu uma guerreira ímpar.

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  2. Enquanto houver que não se cale e coloque a liberdade acima da própria vida, o mundo poderá ver esperança em cada alvorecer. Linda homenagem.

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