Os céus de Ginestá
os céus vão no teu ombro, companheira
há um sorriso de asas firmes no limiar dos terraços
vem dos teus olhos a altivez das ternuras frente a lâmina
e há um sorriso de fibras tensas quando o dia acorda cedo
os cantos lúgubres te chamam, vez que o sol é o mesmo
porque há um sorriso de vinho e fumo na imensa cordilheira
e se o poeta queda às armas em tardes sem luz nos cemitérios
há o sorriso de marina a ciganar espanhas em rubro verso
os céus vão no teu ombro, companheira
a dourar os cem anos gris por entre folhas de exílio
a gana é de lutar por beirais do manto livre na imensa
cordilheira
e o amor é pele curtida, passo seguido aos pirineus e teus
umbrais
e o amor é memória de sonho e carne quando los niños partem
em correrias
e te apertas o peito e o século quando se esvaem no abandono
das tormentas
quando bocas se calam por medo e a manhã não resplandece nas
cordilheiras
o que é pátria?
o que é nuvem?
como se chama povo?
como se chama livre?
como se chama esperança?
e também vão no teu ombro, companheira
os lábios frios de homens e mulheres e a lembrança dos
terraços
porque com pão ou sem pão, doces e duros ainda são os céus
da resistência
e porque sempre levaremos este sorriso para nunca mais
aniquilar os sonhos
Belo !!!
ResponderExcluirFoi marcante quando conheci a história de Marina Gnestá e lá se vão vinte e tantos anos. O planetinha perdeu uma guerreira ímpar.
ExcluirEnquanto houver que não se cale e coloque a liberdade acima da própria vida, o mundo poderá ver esperança em cada alvorecer. Linda homenagem.
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