sábado, 4 de janeiro de 2014

Janeiros....




Livraria dos realejos

Ouvindo Paciência

as ruas me pegam pela mão
convidam o poeta para sentir os graus
os fios, a alma elétrica da noite
a vida concebe, recebe, bem sabes

as ruas me pegam de jeito, na veia
e são iguais os carros em métrica
e a vida não para, a vida rara
a vida trata, destrata, retrata
 
sim
vida é assim

o  mesmo fotógrafo na praça das sépias
o mesmo livreiro daquele beco de lonjuras
o mesmo realejo tirador de sortes dos lumes

as ruas me pegam em contramão
e queimam os termômetros
não vejo quando os fios explodem
não vejo almas estendidas
a eletricidade nasceu do empinar de pipas

por isso
as ruas me alargam.
a solidão nasceu na palma de uma mão

e as ruas me deixam
dançar por aí nas valsas 
de rostos em perdas 
e boas vindas


Janeiro, 14
Arte: João Mottini - Fundação Bunge

Um comentário:

  1. É poeta, a vida é mesmo assim...
    "...a vida não para, a vida rara,
    a vida trata, destrata, retrata..." C'est La Vie...

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