Os ciganinhos na estrada dos
zunidos
os meninos, sim, em alvoroço na busca das abelhas
a tarde e a chuva combinam com os ditos olhos agudos e negros
e nada pode impedir mãos nervosas, cenhos oblíquos,
mudezas
mas este poema teima em ser o bardo dos desencantos
o que vai dizimar as colméias
os meninos, sim, entardecem os cataventos na jornada das
abelhas
noite e frieza vinda do rio abrigam os dados olhos agudos e
negros
e nada pode esconder bocas arfantes, suor na rubra face, miudezas
mas este poema teima em ser o mensageiro das adolescências
o que vai incendiar as colméias
os meninos, sim aproximam os cestos dos carvalhos na caça às
abelhas
o cruzeiro e as nuvens com chumbo afugentam os doidos olhos
agudos e negros
e nada pode deter destinos crus, mortes anunciadas,
malvadezas
do que este poema
seja o que for entre os hinos dos contentes
de quem foi se lambuzar nas colméias
das últimas árvores
ainda dá para se ver
a chuva de tarde novamente
e as abelhas, nobres vestais
as abelhas reinam na melancolia
e os ciganinhos, cara pálida
os poetinhas se mandaram com as mãos abanando
salvador, 2011
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