Um brinde ao inferno dos comuns
- pro Sergio Bonelli, in memoriam
o que se passa, patativa?
fritam céus na panela
olhem os livros telegráficos!
partes de vazios avolumadas
ao que se avista, ararinha
carro retilíneo na estrada
sem poeirão a farfalhar nas boléias
ou tardes morrendo em cadeiras devolutas
aqui não tem lua, sanhacinho
vento não faz curva, bem te vi
vão embora, vão embora
os peixes já se picaram
as árvores apodreceram
ao que resta, caboclinho
guerrinha de mundo cão
cidade das caras sem sol
imberbes troços de nada
aqui não se faz
aqui se paga.
aqui não tem blues, azulão
aqui não tem jazz, colibri
vem só quero-quero
gaiolas abertas
ruas de gente
iguais e desertas
tempo de pirilampos
tapa no descampado
a aldeia criou o vento
antes do fim.
tapa no descampado
a aldeia criou o vento
antes do fim.
Ouvindo Passaredo (Buarque/Hime), Salvador, 2011
Simulando Uma Resposta do Bonelli.
ResponderExcluirRUAS E GAIOLAS
Surpreso no olhar
Saltitante pardal
Habitas nas brumas
E na leveza dos pensamentos.
Recuas aos movimentos
Do vento que assopra
Vossa têmpora
Do lado esquerdo da vida.
A lua chega a ti, curió
No descanso do sol, papa capim.
Ouças os sussurros no mato
Cantos povoando a mente
Revoadas
Farfalhadas
Do lado direito da vida.
Mergulhas profundo
Num vôo rasante
Coração palpitante.
A destra em movimento
Rabiscas liberdade
Numa tarde Neón.
Gaiolas desertas
Ruas abertas
Sem solidão
Sou livre, rouxinol.
Ivon das Aldeias.