Sandálias foi escrito em uma madrugada quente e chuvosa no Litoral Norte da Bahia. Ouvindo Cartola, Poema solitário de amanheceres... descalços.
sandálias
- ou como dizia a mana cristina: “um poema com
som”
o poema dos mundos...
em um sonho esquisito
perguntas sobre uma canção
a tudo, bela, o olhar
fotografa um rascunho
do sol dos teus velhos dias
na estrada crua sem assobios
vértice da sanha em curvas dos violoncelos
os meninos azulados pelas luas do arrebalde
entre portas de amanheceres
pontas marcadas e estrelas mortas
atento, bela, o olhar
deixou uma sentença
essas gruas de mim desafinadas
peripécias em linhas abortadas
vida dos galhos quebrados
chuva em desencantos azuis
a tristeza do seu gostar
do teu gozar sem dono
o poeta com vidas em fuga
e tuas sandálias com passos de ausência
“devias vir....”
caminhas louco em noite dessemelhante
és cicatriz no topo das rosas sem amares
marca teu ponto camuflado
no pequeno labirinto de pérolas
fala
doce
comigo....
fala
comigo
doce
como
a
chuva
o espelho azul achado das mãos que se soltam sem tardes
devolutas
um menino com teu sorriso de vidro e grimas nas manhãs
deserdadas
à janela
uma canção
e todo adeus
afeto diante das perdas
a delicadezas dos punhais
à janela
o céu de olhos baços
as comunhões sem nós
encostas teu rosto às facas gélidas
e ronda a carne macia dos segredos
ao tato, bela, os olhos
roubam dedos e dados
decepam luas de dentro
no instinto dos afagos
adeus bandido que vem desassossego
adeus não traz nenhum recado
adeus de vícios
ventos dezembros
menino caçula do desejo
atávico, bela, o olhar duvida
ao alcance apenas
ao enlace apenas de acordar
e fazer para ti um poema
com som
pra tocar no rádio da tua invenção.
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