A GAROTA DO ADEUS
assim que a tarde vier
em minúsculos saltos de nuvens daninhas
e deixar o tácito fulgor em raios desnudos
em minúsculos saltos de nuvens daninhas
e deixar o tácito fulgor em raios desnudos
aquele espectro ganha o horizonte
espadular
adunco
incólume
o cigarro entre dedos trêmulos
a cadenciar as imaginárias setas
pernas no vai e vem
limites ambíguos de solidão
assim que os jardins deixarem de lado as maledicências do dia
e ganharem contornos impróprios a aceitar da noite e os seus
a inconclusão de gestos poda o contorno dos pássaros
garça
arguta
mercúria
o cigarro aceitando o bico do salto fino
a incrustar no asfalto tragos de culpas
mãos no entra e sai
território livre para a sofreguidão
assim que a noite chegar
plena rainha de fartos mênstruos
aquela corrida desenfreada assusta os restos
de gente e passarinhos nos gradis do parque
a capitular
o adeus
única
a guimba morta
o salto fino
e em contra luz ao fundo
o vulto a domar uma imperfeita lágrima.
sem adornos.
inverno, 2005
arte: a person on the pier, jens malmgreen
Solaris
ResponderExcluirvaleu, Grande Renato!
ResponderExcluir