A CRIA DOS TINTEIROS
(A rota dos pássaros rubros III)
Bem sei das luas esvaidas em sumo por nós na esteira do que se diz adeus
dúbia acaso choras e não sabes do escrito na esquina à frente do arvoredo
e triste é o afago da chuva por alcançar velhas borboletas
por desenhar a procria de sanhaços e o parto das rendeiras
por avermelhar manchuras na estrada dos cataventos
por negar o endoidecer das horas rubras e dançarinas
há uma trilha sem volta das folhas rendidas aos rios
como a imersão do que olhas agarra esquinas no cais
são minúsculas as nesgas do sol em raias cruas
e o que é belo por onde ninguém vê são dores gris
porque bem sei do vento e de vinhos seus
trazidos do norte pela sanha dos invernos
da chuva tinta rezara ao cio das manhãs
da lama esguia brotaram os dois rabiscos
onde vais sei que chamas em láudano e forcas ao limo dos infinitos segredos
porque ali na mesma esquina te espero sem jardins nem lonjuras.
e você bem sabe como isso me faz seco em azul
e salvador é chuva entre seixos no andar infindo
bem sei e és assim mais e nada crês
côas além dos pássaros tão rubros
as marcas e o adeus do quereres
porque na esquina na casca do velho carvalho estão lá
na medida do que é folha ou secura antes dos cascalhos…
da cata ao tempo sem armadilhas à culpa dos canivetes
sim, na casa dos arvoredos onde céu é cria de tinteiros
quaram poentes do que foram dois rabiscos para sempre.
quaram poentes do que foram dois rabiscos para sempre.
Feira,
fevereiro de 14
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