PARA AMANHÃ III
(Por um velho dia de blues)
Ouvindo
Dimming of the Day
Aos parceiros de música e versos Marcelo
Chalvinski, Ricardo Tosto, Ivon Albuquerque e Eduardo Alves
quero
a velha casa dos versos ao redor de meus ouvidos
e
o rio nada mais que o rio que sempre mora em um abraço
acenar
aos pares a lida dos ímpares
seguir
ao tempo do espanto dos jardins
porque
flores nascem de afetos
sorriso
se semeia em pé de nuvem
quero
canções de espera, o desejo de estradas como pano de fundo
e
o sol nada mais que o sol na imprecisão entre o laranja e o amarelo
quero
promessa de encontros no vazio dos silêncios sem tinta nos rostos
e
os segundos inventados pelos grilos antes do que se mata no entardecer
gilmour
imerso na vitrola em dimming of the day
o
sol nada mais que o sol de linda onde for e o que serei
a
ponta dos lábios que desenham antes do beijo
o
adeus suspenso que existe na ponta dos dedos
quero
só a fidelidade das velhas garças que se vão
e
a melancholia inquieta de Hart em solos de Joe
o
amor malcriado das paixões
um
concerto de pirilampos & violinos
o
que há de mais incerto no mistério de um olhar distante
o
cheiro da chuva antes dos cajus bailarem loucos de vesguras
queria
assim sem meio a meio
o
meio fio sim molhado no limo
mas
por caprichozinho do senhor destino...
pimpa,
escorrego!
lá
se foi o poetinha de cara pro chão
não
tinha corrimão nem citação de rodapé
não
deu pé
espatifou
certezas
esparramou
os símbolos
esculhambou
as tintas
e
lá se foi a tal da beleza plantar feiúra na cara do menino
e
o que era brasa borrou cinza na imprecisão dos amarelos
onde
foi azul? meu azul, a cor mais quente
azul
meu azul, ali me leia a cria das cores
são
os anos, os versos, o livro, ontem e amanhã
por
rumar em sinfonias acreditar em vínculos
por
doar verdades aos mantras e teus acasos
por
alinhar gentilezas, assinar de boa e dar fé.
porque
os dias frios são dias
e
óbvios seguem e morrem
- ah!
não!, dizem os párias inocentes sob intro alcance
- eles
vivem de encontros fortuitos e ânsias de lonjuras
óbvios
são os passarinhos que surfam em pelo de lince
- “e
eu estou vivendo pela noite que roubamos
preciso
de você no escurecer do dia
preciso
de você no escurecer do dia”
e é por
isso
tão simples entre as batas e o mesmo jeans
tão simples entre as batas e o mesmo jeans
quanto tu és para sempre dona
do meu blues
eu quero um dia pela sanha de liberdade
só gritar
nos beirais de iletrados pulmões
as
canções de tracy em dados marcados ao bom peso
por
saber que a saudade sempre fica na primeira fila
o
tear das formigas em equilíbrio nas longarinas
estrelas
sem pontas, espreguiço em cancela, moviolas antigas
quero
malbecs hermanos nas ilhas dos zíngaros, imantados
drops
de abril recitados e a voz de billie ecoando no inverno
andar
por aí, por lá e cá, ora, ora
há
milênios e milênios que ali sangra
na
lembrança inconclusa de todo verso alexandrino
por
que?
porque preciso
de você no escurecer do dia
preciso
de você no escurecer do dia
ou
o que nunca foi tempo reinará
ou
o que é para ser amanhã
nunca
será.
Rancho
das Aldeias, Casa dos Versos, Janeiro, 14
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